quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Grella diz que será aliado de policiais e buscará novas formas de atuação




O novo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, assumiu na manhã desta quinta-feira a pasta no Palácio dos Bandeirantes e afirmou que defenderá os policiais. "As instituições policiais terão em mim o primeiro aliado na defesa permanente das carreiras policiais do Estado de São Paulo", disse.

Grella também ressaltou que buscará novas formas de atuação exigidas pelo momento para combater a onda de violência que atinge o Estado. "O tempo agora é de trabalho, de muito trabalho", declarou. 

O novo secretário afirmou ainda que vai aplicar inovações no programa de segurança estadual, utilizando a transparência e destacará a integração da atuação entre as polícias Militar, Civil e Científica. Em seu discurso, Grella também elogiou a gestão de Antônio Ferreira Pinto, à frente da secretaria por três anos. "Sua seriedade e competência são inquestionáveis. Cumprimento pela enorme capacidade de trabalho já demonstrado", afirmou.

Agora, o novo secretário vai se reunir com Antonio Ferreita Pinto, seu antecessor, o comandante-geral da Polícia Militar Roberval França e com o delegado-geral Marcos Carneiro Lima, chefe da Polícia Civil de São Paulo, para discutir como será a montagem de sua equipe.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu demitir Ferreira Pinto depois que Grella aceitou o convite na segunda-feira (12). Até então, não encontrara um nome para a função.

Ele caiu pelo conjunto da obra: a incapacidade de estancar a escalada dos homicídios, a relação para lá de esgarçada com a Polícia Civil, a perda de controle (segundo a visão do governo) sobre a Polícia Militar e a sua relutância em aceitar ajuda da União num momento de crise.

Os casos de homicídios dolosos na cidade de São Paulo subiram 92% no mês de outubro em relação ao mesmo mês de 2011. Entre a noite de ontem e a madrugada de hoje ao menos dez pessoas morreram e 18 foram baleadas na Grande São Paulo.

Durante o evento, Ferreira Pinto, que foi criticado por tirar atribuições de policiais civis e passá-las para a Rota durante seu mandato, afirmou que é "uma falsa verdade dizer que a Polícia Civil foi afastadas de investigações dos crimes". O antigo secretário, que ficou três anos e oito meses no cargo, ainda fez um balanço de seu período como secretário. 

"Eu prestigiei e tive orgulho de prestigiar a Rota. A tropa prendeu 1.327 pessoas condenadas ou foragidas, apreendeu 51 fuzis, 40 metralhadoras, 69 armas de cano longo, 6,9 toneladas de maconha, 1,3 toneladas de cocaína, 209 kg de crack, e R$ 16,3 milhões em dinheiro vivo. Além disso, somente 18 PMs ficaram feridos em combate", concluiu.

Uma das principais missões do novo secretário será fazer com que setores da Polícia Civil voltem a investigar, controlar o que até o governo chama de "excessos da Polícia Militar" e melhorar o diálogo de sua pasta com entidades da sociedade civil. Também há expectativa que ele consiga melhorar a imagem das polícias junto à opinião pública, graças à interlocução que acumulou com entidades da sociedade civil ao longo da carreira. O novo secretário, dizem aliados, não é dado a polêmicas.

Grella também recebeu a incumbência de botar uma "focinheira" na PM --o termo está sendo usado dentro do Palácio dos Bandeirantes. Alckmin teme que seu governo passe para a história como truculento e letal. Alckmin afirmou durante a solenidade que São Paulo reduziu os índices de crimes e chegou a nível comparado aos países desenvolvidos. "São Paulo não vai admitir a regressão nesse campo", disse.

De acordo com o governador, o objetivo agora é fortalecer o trabalho de segurança para conter a onda de violência. Ele relacionou os ataques contra policiais com uma tentativa de intimidar o Estado. "Venceremos porque já vencemos antes", afirmou. O novo secretário foi procurador-geral do Ministério Público por quatro anos, órgão ao qual pertence desde 1984.

Nomeado chefe da Promotoria pelo ex-governador José Serra em 2008 e reconduzido ao cargo em 2010, é conhecido por ser discreto e técnico. "Um diplomata do Ministério Público", disse Serra a aliados, no fim de sua gestão.

Foi exatamente a fama de conciliador que pesou para que Alckmin o convidasse para o cargo. O governador aposta em Grella para contornar o descontentamento de parte da Polícia Civil e fazer a corporação reassumir os trabalhos de inteligência e combate ao crime organizado.


Fonte: Folha.com 

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