A descoberta de dezenas de caixas de medicamentos com rótulos em mandarim num depósito no Cachambi, na Zona Norte, revelou a participação de uma quadrilha de chineses no contrabando e distribuição de remédios falsificados e ilegais a ambulantes e até farmácias do Rio. O material - encontrado na semana passada por agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) - foi encaminhado à análise no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). De acordo com o delegado Alessandro Thiers, são constantes as apreensões de medicamentos provenientes da China e do Paraguai nos mercados populares.
Na lista de medicamentos falsos ou ilegais recolhidos, os destinados ao tratamento de disfunção erétil e os anabolizantes ocupam o topo do ranking. Há, contudo, registros relacionados à apreensão de remédios para câncer, problemas cardíacos e disfunções psiquiátricas. Em geral, os produtos são comercializados no mercado paralelo por valores que representam de 30% a 40% do preço de mercado. O delegado ressalta que, nos casos de medicamentos falsificados ou ilegais vendidos em algumas farmácias, o valor é praticamente igual ao do medicamento original.
O contrabando e a distribuição de medicamentos falsos ou ilegais movimentam anualmente entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial. O mercado paralelo, de acordo com o instituto, responde por 20% dos remédios comercializados no país. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 10% dos remédios em circulação no mundo são falsos. Nos países emergentes, esse percentual chegaria a 30%. Um comércio global que movimentou no ano passado 75 bilhões de dólares.
As estatísticas da Anvisa reforçam os números da OMS. Em 2009, por exemplo, 104 mil comprimidos de diferentes tipos de medicamentos falsos ou sem registro foram apreendidos em ações conjuntas com a Polícia Federal em todo o país. No ano passado, o número subiu para 142,9 mil, aumento de 38,9 mil comprimidos na comparação com o ano anterior. As estatísticas revelam um crescimento anual no número de apreensões.
Fonte: Jornal O Globo
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